Odile Decq: conheça a arquiteta que se destaca tanto por suas obras quanto pelo seu visual único

Odile Decq não é bastante conhecida na América quanto é na Europa. E mesmo nesse continente, seu trabalho é muitas vezes ignorado pela mídia. Mas ela já ganhou na última década homenagens importantes, que destacam e incentivam o aumento e a promoção da participação feminina na arquitetura. Um exemplo recente é o prêmio Jane Drew, entregue a ela no ano de 2016.

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Odile Decq: Motorway Bridge

Odile Decq é um exemplo importante do papel das mulheres na arquitetura. Ela vem contribuindo com novas ideias para o ensino profissional, principalmente na França, onde arquitetas mulheres foram discriminadas por muito tempo.

No século XIX, o governo francês até permitia que mulheres estudassem arquitetura. Porém, depois de formadas, elas não recebiam autorização para exercer seu ofício.

A situação só mudou, de fato, depois de 1968, quando as ambições acadêmicas desse gênero aumentaram consideravelmente.

Hoje, o país tem uma das mais brilhantes arquitetas e planejadoras urbanas, Odile Decq.

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A aparência de Odile Decq é algo que sempre se destaca.

Num tom eloquente, ela se veste com roupas pretas, em estilo gótico.

Mas, é o seu modelo de trabalho que realmente importa, desafiando o mundo em que se aplica.

A arquiteta vem trazendo novas – e boas – ideias para a profissão e principalmente para o ensino de arquitetura.

Tanto que lançou, recentemente, a sua própria escola.

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Odile Decq: confira sua biografia

Odile Decq começou a estudar arquitetura em Rennes, mas acabou se graduando pela École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-La Villette, em 1978.

Um ano depois, recebeu o diploma em Planejamento Urbano do Instituto de Estudos Políticos de Paris.

E em 1985, ao lado de seu marido, o também arquiteto Benoit Cornette, fundou seu primeiro escritório.

O “Odile Decq Benoît Cornette Architectes-Urbanistes”, ou ODBC Architects, ganhou notoriedade no mercado francês no início dos anos noventa.

Desde então, Decq trabalhou para o ensino acadêmico em instituições como a École Spéciale.

Em 2012, construiu e abriu sua própria escola, a Confluence Institute for Innovation and Creative, em Lyon.

E em 2013, renomeou sua empresa para “Studio Odile Decq”.

Dentre os inúmeros prêmios que a arquiteta Odile Decq já recebeu, ao longo de sua carreira, alguns se destacam.

Principais prêmios de Odile Decq:

  • O RIBA, em 2007;
  • O ARVHA, em 2013;
  • O Maison & Objet Designer, em 2013;
  • O Architizer; em 2017.

Odile Decq: uma relação entre “corpo e espaço”

Em certo momento, Odile Decq foi considerada como uma arquiteta desconstrutivista – estilo que floresceu no Reino Unido na década de 1980.

Mas, ela também se inspirou em obras de profissionais modernistas, como Frank Lloyd Wright e Mies van der Rohe.

A própria arquiteta afirma que não segue nenhum processo criativo pré-estabelecido, apenas a busca pela compreensão da relação “corpo e espaço”.

Pode-se dizer que essa compreensão parte de vários campos temáticos, como a física, a sociologia, a neurociência e, obviamente, a arte.

Seguindo esse raciocínio, de linha de pensamento transversal infundida em diversas disciplinas, Odile vem diversificando e “radicalizando” sua investigação arquitetônica.

Além disso, ela leva, agora, essa mistura de ideias para o ensino, em sua nova escola.

Precisamos reintegrar o orgulho de ser educado na arquitetura e o papel do arquiteto para o mundo.

Acreditamos que hoje é fundamental repensar totalmente a educação arquitetônica.

(…) A arquitetura não deve mais ser reduzida a uma educação profissional ou especializada: é uma disciplina que se abre para o mundo, uma maneira de ver o mundo e a capacidade de atuar no mundo. A arquitetura hoje precisa ter uma ambição mais humanista.

– Odile Decq, em reportagem de Archipreneur.

Todas as propostas desenvolvidas por Odile Decq apresentam elementos de alta tecnologia, com acabamentos de qualidade e, em alguns casos, em tons vibrantes.

O vermelho profundo é quase uma marca.

Mas nota-se a preocupação por parte da arquiteta de não seguir qualquer modelo estético, mas de encontrar a melhor solução arquitetônica de acordo com o espaço, o orçamento e os materiais disponíveis.

Cada trabalho seu é singular! Quase todas as decisões projetuais têm a ver como a luz natural, a forma como os feixes se infiltram nas construções, salvas pelas peles de vidro.

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Obras de Odile Decq

O primeiro grande projeto que Odile Decq participou, através da ODBC Architects, foi o Banque Populaire de l’Ouest, em Rennes – com o qual a empresa conquistou oito prêmios.

Mesmo após a morte de seu marido, em 1990, ela ainda realizou numerosos trabalhos, inclusive na Ásia.

Dentre as obras mais emblemáticas destacadas no portfólio do Studio Odile Decq estão:

Na França

  • L’Opéra Restaurante da Opéra Garnier, em Paris;
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Odile Decq: L’Opéra Restaurante

  • Os escritórios Le CARGO, em Paris;
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Odile Decq: Le CARGO

  • O Fundo Regional de Arte Contemporânea, em Rennes;
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Odile Decq: Fundo Regional de Arte Contemporânea

  • A sede da GL Events, em Lyon;
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Odile Decq: GL Events

  • La Résidence Saint-Ange, em Seyssins;
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Odile Decq: La Résidence Saint-Ange

Na China

  • O Museu de geologia e antropologia, em Nanjing;
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Odile Decq: Museu de geologia e antropologia

  • O Greenland Pavilion, em Xangai.
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Odile Decq: Greenland Pavilion

Na Itália

  • O Red Lace Buidling, em Florença;
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Odile Decq: Red Lace Building

  • O MACRO, Museu de Arte Contemporânea, em Roma.
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Odile Decq: Macro

O plano de Odile Decq para o Museu de Arte Contemporânea em Roma

Odile Decq realizou um projeto arquitetônico de expansão e renovação para um prédio construído por Gustavo Giovannoni, no início do século XX.

Esse trabalho se tornou o marco da carreira da profissional.

A antiga cervejaria, em estilo Art Nouveau e localizada no centro histórico de Roma é, agora, o MACRO, inaugurado em 2010.

O adicional, de dez mil metros quadrados, é dividido em área de arte, lazer e estudo.

A cor dominante nos interiores é o preto, mas no auditório o vermelho brilhante impera.

A estrutura é quase toda feita em aço e vidro.

A longa passarela, sobre o grande salão de exposições, é o elemento de ligação entre a parte nova e a antiga do museu.

Ela conduz à cobertura do prédio, o melhor ponto de observação para a cidade.

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