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Sustentabilidade e reutilização de água.

Assim como na Grande São Paulo, em plena época de crise hídrica mundial, está sendo ignorado um estoque de água, equivalente a dois Sistemas Cantareira, que poderia ser tratado para reuso, sanando em grande parte o problema de abastecimento e aliviando o dia-a-dia da população, em uma escala micro, infelizmente, situações similares ainda acontecem, mesmo com informação e tecnologias já disponíveis.

O “esgoto” que pode ser reciclado, tratado e reutilizado (até mesmo, dizem especialistas, chegando à potabilidade!), na verdade é um “recurso” não aproveitado e não valorizado como tal, tanto como as águas pluviais (consideradas também como esgoto pela legislação brasileira!). Já vimos esse “filme” quando a sociedade tratava os resíduos sólidos – valiosos para a reciclagem – como lixo. Mas, atualmente, a crise planetária da água (e também dos extremos climáticos) torna urgente a revisão de conceitos, e a implementação imediata e geral de técnicas que reaproveitem este precioso, finito e vital recurso, já valorado e considerado commodity por ser mais um maravilhoso Serviço Ambiental de nossa querida Natureza.

Então, em relação ao reuso direto planejado da água, o que o profissional de arquitetura pode e deve incluir em seus projetos? O que, exatamente, significa reutilizar a água e quais métodos estão disponíveis?

O uso de águas residuárias (águas descartadas que já foram utilizadas) ou o reuso de água – praticado há milhares de anos pela humanidade, mas deixado de lado pela falta de parcimônia do ser humano – faz parte de um panorama maior, que deve ser iniciado com o uso racional ou eficiente da água, levando em conta perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água.

O esgoto tratado, além de proporcionar economia e conservação ambiental, é fundamental e peça básica para o planejamento e a gestão sustentáveis dos recursos hídricos em uma construção, fornecendo água de reuso para atividades gerais (como irrigação, descargas, limpeza de residências, sistema de ar condicionado, etc), e destinando a água potável para fins mais nobres (como uso na alimentação, banho, entre outros).

Neste contexto, um profissional de arquitetura deve realizar seus projetos, se possível, com visão ampla e várias ferramentas integradas, como principalmente: sistemas automatizados e dispositivos de redução de vazão de água em torneiras e descargas; permeabilidade do solo e construção de reservatórios externos de infiltração; restauro de vegetação do entorno (especialmente quando há presença de nascentes no terreno); redundância de fontes de abastecimento de água; facilidade de manutenção dos sistemas e tubulações; captação de água de chuva; e tratamento e reuso de água.

Atualmente, em relação à captação de água de chuva e ao tratamento e reuso de água, existem diversos métodos, desde técnicas de Permacultura (método de design que planeja sistemas humanos sustentáveis com visão sistêmica e integrada à Natureza) até tecnologias empresariais bem avançadas.

A Permacultura – que incorpora os ciclos da Natureza nos sistemas de construção – propõe algumas soluções integradas, eficientes e de baixo custo, para devolver a água limpa para o meio ambiente e para o ser humano, como:

Já as tecnologias empresariais trabalham com sistemas variados, que servem para diferentes escalas (desde residências e condomínios, até sistemas industriais). Estes sistemas abrangem o tratamento do esgoto com possibilidade de reuso da água para atividades gerais (não potáveis), e, também, a captação de água de chuva para reuso.

A matéria orgânica do esgoto é digerida por micro-organismos, de forma aeróbica e natural, porém, dentro de um sistema tecnológico, altamente eficiente, com custo mais elevado que na Permacultura, mas sem proporcionar o envolvimento direto dos usuários na construção e implementação.

Os aparelhos (mini e modernas estações de tratamento de esgoto em sistemas pré-fabricados) usam pouca energia para funcionar, são automáticos, seguros, de simples manutenção, não produzem cheiros, e são compactos e modulares, de acordo com a grandeza do empreendimento.

As dicas são: dimensionar os aparelhos não só de acordo com a grandeza do empreendimento, mas já prevendo possíveis ampliações da demanda (para não ter que trocá-los futuramente), e posicionar os aparelhos de forma a ficarem discretos no layout do empreendimento.

O projeto leva em conta as definições da área de captação das águas, da precipitação pluviométrica do local, e a demanda de água não potável do empreendimento (água que poderá ser usada para atividades gerais).

O sistema é composto por captação (feita nos telhados ou coberturas, com gestão dos resíduos e do volume de chuva), condução (através de tubulações), armazenamento (em cisternas de alvenaria ou pré-moldadas), tratamento (incluindo filtração e desinfecção), e distribuição para consumo. Utilizam-se também filtros, bombas, entre outros acessórios complementares.

Os empreendimentos, usando estes sistemas, economizam investimentos a médio e longo prazos, mantém uma conduta correta ambiental, e conseguem bastante autonomia hídrica.

Atualmente, criar e implementar um projeto sustentável, incluindo gestão e reuso direto planejado da água, tem diversas opções muito viáveis. Os profissionais da área de arquitetura podem e devem incluir em seus projetos estas soluções, pois estes profissionais são bússolas para o mercado da construção, tendo a oportunidade de fazer parte da criação de um novo paradigma, e a responsabilidade de agradável e sutilmente encantar e educar seus clientes.

Texto escrito pela Designer Ambiental Denize Barsted

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