Mais do que um monumento histórico: conheça a história dos Arcos da Lapa

Os Arcos da Lapa ficam localizados no bairro da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro.

A obra tem grande importância turística para o local, além de transportar passageiros por meio do bondinho de Santa Teresa.

O que muita gente não sabe é que os bares dos Arcos da Lapa não são o único motivo que torna a obra encantadora e fundamental para a cidade.

Os Arcos da Lapa serviram como meio de transporte de água durante 3 séculos e contribuíram diretamente para o desenvolvimento do Rio de Janeiro.

Arcos da Lapa

Arcos da Lapa

Quer conhecer mais sobre a história dos Arcos da Lapa? Neste artigo, trouxemos os detalhes da construção dessa obra icônica. Acompanhe!

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Arcos da Lapa: História

A história dos Arcos da Lapa começa no século XVIII, e aqui já vale mencionar uma curiosidade: a obra nasceu com o nome de Aqueduto da Carioca.

Arcos da Lapa no Brasil Colonial: Aqueduto da Carioca

Arcos da Lapa no Brasil Colonial: Aqueduto da Carioca

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Os estudos para a construção dos Arcos da Lapa começaram em 1600, mas a construção só foi finalizada quase 100 anos depois.

Concluída em 1723, a obra tinha como objetivo transportar a água da nascente do Rio Carioca até o Largo da Carioca para abastecer a cidade.

Até então, o transporte de água era feito por meio de baldes utilizando-se a mão de obra escrava.

Os Arcos da Lapa seriam os responsáveis por solucionar o problema de falta de água que assolava o Rio de Janeiro naquele período.

Além disso, por estar localizada no centro da cidade, a obra passou a servir como ponto de referência e encontro para a população.

A cidade foi amplamente abastecida com água através desse único aqueduto até o início do século XIX. As fontes públicas eram vitais para o Rio, não só de um ponto de vista utilitário, mas também social e político. Projetadas para serem esteticamente agradáveis, as grandes fontes ficavam em praças ou ao longo das ruas, e ao redor delas foi criado um espaço público. Se a limitada infraestrutura de água da cidade tinha uma vantagem, era dar aos escravos e aos negros livres um lugar onde poderiam se reunir, apesar de seu trabalho ser duro e longo

– Alida Metcalf, professora titular do departamento de História da Universidade Rice, no Texas, EUA e autora do artigo Water and Social Space: Using georeferenced maps and geocoded images to enrich the history of Rio de Janeiro’s fountains (Água e espaço social: usando mapas georreferenciados e imagens geocodificadas para aprimorar a história das fontes do Rio de Janeiro)

A primeira estrutura dos Arcos da Lapa era feita com canos de ferro, mas logo houve a necessidade de trocá-la. O motivo: o material não resistia às condições climáticas e sofria corrosão.

Em 1744, o governador da época, Gomes Freire de Andrade, conhecido como Conde de Bobadela, ordenou a reconstrução dos Arcos da Lapa.

As matérias-primas utilizadas foram Pedra e Cal. Misturadas com o óleo, criou-se uma liga de concreto resistente que trouxe segurança para a construção.

Esse composto utilizado nos Arcos da Lapa era a principal base da construção civil da época, utilizado em obras de fortes, igrejas e outras edificações que precisavam ser robustas.

Foi nesse período que o Chafariz do Largo da Carioca foi construído. A fonte foi esculpida em Lisboa e enviada de navio para o Rio de Janeiro.

Ela tinha dezesseis bicos ornamentais de bronze e um brasão das armas de Portugal no topo. Além desse chafariz, foram construídas outras fontes ao longo da construção.

Em 1747, foi determinado que as água que passavam pelos Arcos da Lapa fossem cobertas por uma abóbada de tijolos, para evitar desvios ilegais.

A nova versão dos Arcos da Lapa foi inspirada no Aqueduto das Águas Livres, de Lisboa.

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Arcos da lapa no Brasil Colonial: ligação entre o Rio Carioca e o Largo da Carioca

Arcos da lapa no Brasil Colonial: ligação entre o Rio Carioca e o Largo da Carioca

Com o desenvolvimento da cidades, novas soluções de abastecimento de água começaram a ser criadas.

Diante desse contexto, a necessidade do aqueduto foi sendo diminuída gradativamente.

Uma curiosidade é que, até metade do século XIX, haviam casas incrustadas nos Arcos da Lapa. Os imóveis só foram retirados com a abertura de ruas no bota-abaixo promovido na gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906).

Esse registro histórico dos Arcos da Lapa foi feito em 1862, por Rafael Castro y Ordóñez, artista madrilenho (Fonte: Veja Rio).

Arcos da Lapa: casa incrustada nos Arcos da Lapa (1862)

Arcos da Lapa: casa incrustada nos Arcos da Lapa (1862)

Arcos da Lapa em 1911

Arcos da Lapa em 1911

Arcos da Lapa: crescimento nos entornos

Arcos da Lapa: crescimento nos entornos

Em 1826, os Arcos da Lapa passaram a ser utilizados como via para os bondes da cidade, tornando-se o principal meio de acesso do centro ao bairro de Santa Teresa na época. A inauguração foi em 1950.

É nesse momento que a obra deixa de ser conhecida como aqueduto e assume a identidade famosa que atrai turistas até hoje.

Arcos da Lapa: bondinho

Arcos da Lapa: bondinho

Devido ao seu tamanho e importância, os Arcos da Lapa foram considerados a maior e mais majestosa obra do Brasil Colonial.

Veja alguns desenhos dos Arcos da Lapa daquela época:

Arcos da Lapa: pintura de Gustavo Dall'ara

Arcos da Lapa: pintura de Gustavo Dall’ara

Desenhos dos Arcos da Lapa: Convento de Santa Teresa ao fundo

Desenhos dos Arcos da Lapa: Convento de Santa Teresa ao fundo

Desenhos dos Arcos da Lapa: Aqueduto da Carioca em 1790 (Leandro Joaquim)

Desenhos dos Arcos da Lapa: Aqueduto da Carioca em 1790 (Leandro Joaquim)

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Os bares dos Arcos da Lapa e outros pontos turísticos da região, como a Escadaria Selarón e a Sala Cecília Meireles ajudam a atrair turistas para a cidade do Rio de Janeiro.

Arcos da Lapa: bares nos arcos da Lapa

Arcos da Lapa: bares nos arcos da Lapa

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Arcos da Lapa: arquitetura

Agora que você já conheceu a história dos Arcos da Lapa, vamos falar sobre sua arquitetura.

A estrutura tem 17,6 metros de altura e 270 metros de comprimento, distribuídos em 42 arcos duplos.

Ela vai do morro de Santa Teresa até o Convento das Carmelitas. O tom de branco intenso, tão característico dos Arcos da Lapa, é conhecido como caiado.

Com a urbanização, aconteceram algumas mudanças nos Arcos da Lapa, duas em particular tiverem bastante relevância. Para a abertura da rua dos Arcos, houve a fusão de dois arcos, que se transformaram em um só.

Mais tarde, no início do século XX, foi feito o mesmo procedimento nos Arcos da Lapa para a abertura da rua Mem de Sá.

Arcos da Lapa: Avenida Mem de Sá antigamente

Arcos da Lapa: Avenida Mem de Sá antigamente

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Arcos da Lapa: abandono e construção de puxadinho

Infelizmente, os Arcos da Lapa sofrem com um problema que afeta diversos monumentos históricos pelo Brasil: a falta de preservação.

Ao andar pela região, é comum encontrar muito lixo pelas calçadas e crescimento desordenado da vegetação, além de pessoas dormindo embaixo dos Arcos da Lapa, um triste reflexo da falta de habitação social no país.

Diante desse abandono, em 2018, um morador começou a construir um puxadinho junto aos Arcos da Lapa. A obra, além de afetar as estruturas do monumento, afetaria a paisagem do local. Após identificar a obra, a prefeitura demoliu o muro.

Arcos da Lapa: construção de puxadinho em 2018

Arcos da Lapa: construção de puxadinho em 2018

Sem dúvida, os Arcos da Lapa são uma das obras mais importantes da arquitetura brasileira.

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