6 normas de revestimento cerâmico para conferir antes de colocar a mão na massa!

A escolha de revestimentos é uma etapa muito importante em projetos de arquitetura e interiores.

Para tomar decisões assertivas, o profissional arquiteto ou designer de interiores deve pautar essa escolha em critérios técnicos que vão além das características estéticas dos materiais. No caso do revestimento, é necessário seguir as normas de revestimento cerâmico.

A avaliação do local a receber o revestimento é fundamental para uma correta especificação.

Antes de escolher o material, é importante avaliar as condições climáticas e os equipamentos, produtos, máquinas e pessoas e que vão atuar na edificação. Ambientes comerciais, por exemplo, demandam pisos com características diferentes de ambientes residenciais, pois receberão maior tráfego e estarão sujeitos à maior desgaste.

Para a escolha correta do revestimento, os profissionais devem se basear em normas técnicas brasileiras (NBR) que estabelecem critérios de qualidade e determinam o desempenho técnico esperado para cada situação de aplicação.

norma-de-revestimento-ceramico-piscina

norma de revestimento cerâmico: piscina

As principais normas do revestimento cerâmico

 

Algumas Normas Brasileiras que tratam de revestimentos em edificações, entre outras, são:

  • NBR 13.753: Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante;
  • NBR 13.754: Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante;
  • NBR 13.755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante;
  • NBR 13.818 e NBR 15.463: Placas cerâmicas para revestimento;
  • NBR 15.575: Edificações habitacionais – Desempenho.

Visando auxiliar os profissionais na correta especificação de revestimentos, apresentaremos aqui pontos importantes citados nessas Normas de revestimento cerâmico que devem ser considerados na escolha dos materiais.

1 – Argamassa colante

 

norma-revestimento-ceramico-aplicacao

norma de revestimento cerâmico: aplicação de revestimento

A argamassa colante utilizada para a aplicação das placas de revestimento deve ser especificada de acordo com o local da aplicação (piso ou parede, interno ou externo), com o cronograma da obra (argamassas de cura normal ou rápida) e com o uso do ambiente (residencial, comercial leve, comercial pesado ou industrial). Deve-se escolher a melhor opção de acordo com as especificações dadas pelo fabricante da argamassa.

Antes de iniciar o assentamento, é importante verificar que o contrapiso tenha sido executado com no mínimo 14 dias de antecedência e apresente uma superfície áspera, com espessura mínima de 2 cm.

Caso haja desnível no contrapiso, pode-se fazer a regularização com o uso de argamassa colante, desde que o desnivelamento máximo seja de 1 centímetro executado em 2 camadas de 0,5 centímetros cada.

Duas técnicas podem ser utilizadas para a aplicação das placas de revestimento: colagem simples e dupla colagem. De acordo com a NBR 13.753, é obrigatória a aplicação de dupla colagem quando o revestimento tiver garras em seu tardoz (verso da peça) com profundidade acima de 1mm e quando o revestimento tiver uma área superior a 900cm².

Na dupla colagem a argamassa é aplicada tanto no substrato quanto na própria placa. Aplica-se argamassa no tardoz (verso) da placa cerâmica, preenchendo as “garras”, formando uma camada uniforme e removendo o excesso de argamassa colante. Aplica-se argamassa também no substrato, formando cordões regulares de modo que, após a fixação das placas, esta argamassa forme uma camada única e contínua entre as placas e o substrato.

Deve-se ter cuidado para que durante o assentamento as placas não fiquem empenadas com um dos lados mais alto. O desnivelamento máximo entre placas assentadas recomendado é de 2 mm.

2 – Pisos antiderrapantes e coeficiente de atrito

 

norma-de-revestimento-ceramico-porcelanato-area-externa

norma de revestimento cerâmico: porcelanato aplicado em área externa

A NBR 13.818 considera como revestimento antiderrapante as placas de cerâmica que apresentam coeficiente de atrito maior ou igual a 0,4. Essa informação deve constar na embalagem do produto. Materiais rústicos não polidos também se enquadram na categoria antiderrapante.

O coeficiente de atrito refere-se à resistência ao escorregamento apresentada pelo material.

A resistência ao escorregamento garante a segurança do usuário ao caminhar pela superfície principalmente na presença de água, óleo ou outras substâncias, ou em superfícies de aclive e declive.

É importante lembrar que não existem produtos antiderrapantes, mas sim condições de menor ou maior resistência ao escorregamento.

O coeficiente de atrito de piso

 

O coeficiente de atrito é o parâmetro considerado para mensurar esse índice de escorregamento: quanto maior o atrito, menor o escorregamento.

No entanto, quanto maior o coeficiente de atrito, mais áspera é a superfície, e dessa forma, mais difícil é sua limpeza. O índice 01 de coeficiente de atrito, por exemplo, poderia ser considerado ótimo no quesito de resistência ao escorregamento, mas a dificuldade de limpeza faz com que materiais com esse índice não sejam adequados para utilização em edificações.

Dessa forma, convencionou-se a tabela com limites de segurança ideais que unem as duas características (boa resistência ao escorregamento e limpeza), que segue:

Resistência ao escorregamento (coeficiente de atrito)

COEFICIENTE DE ATRITO
Valor Indicações de uso
menor que 0,4 Satisfatório para instalações normais
0,4 a 0,7 Recomendado para uso onde se requer resistência ao escorregamento
maior que 0,7 Recomendado para locais onde o risco de escorregamento é muito intenso (áreas externas em aclive ou declive).

Os pisos cerâmicos com maior resistência ao escorregamento são particularmente indicados para superfícies próximas a piscinas, rampas, degraus, banheiros, locais laváveis constantemente e áreas externas, além de ambientes públicos em geral e áreas industriais, ambientes hospitalares e laboratórios.

3 – Como escolher revestimentos para alto tráfego

 

norma-de-revestimento-ceramico-area-comercial

norma de revestimento cerâmico: revestimento em área comercial

Ambientes comerciais, escolas, shoppings, aeroportos e outros ambientes de tráfego intenso demandam pisos especiais que apresentem características como alta resistência ao escorregamento, resistência à abrasão, fácil manutenção e alta durabilidade.

Entre as categorias de piso que apresentam boa performance para ambientes de alto tráfego, as principais opções são as cerâmicas e porcelanatos, as pedras naturais e os pisos cimentícios.

Confira quais são as diferenças entre piso de porcelanato e cerâmica e tire suas dúvidas de uma vez por todas.

No caso de porcelanatos técnicos, por exemplo, a classificação do revestimento leva em conta a absorção de água, que deve ser menor ou igual a 0,1% (o índice admitido nos porcelanatos esmaltados é igual ou menor a 0,5%, por exemplo). A estrutura homogênea e de baixíssima porosidade coloca os revestimentos técnicos entre as opções de maior resistência disponíveis no mercado.

Além da resistência ao escorregamento, os pisos de alto tráfego devem apresentar alta resistência ao desgaste abrasivo.

A principal referência para a avaliação dessa característica em materiais rochosos é o teste de Amsler, normatizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na NBR 12.042/92.

O teste de Amsler

 

Os valores recomendados são menores ou iguais a 3,0 mm para baixo tráfego (residências), a 1,5 mm para médio tráfego e a 0,7 mm para alto tráfego de pedestres (shopping centers, aeroportos e supermercados).

Resistência ao desgaste abrasivo – teste de Amsler

Local Nível de desgaste tolerado
Áreas de baixo tráfego (geralmente residências) 3,0 mm
Áreas de médio tráfego 1,5 mm
Áreas de alto tráfego (por exemplo, shopping centers, aeroportos e supermercados) 0,7 mm

4 – Norma de revestimento cerâmico sobre bordas de piscinas

 

norma-de-revestimento-ceramico-piscina

norma de revestimento cerâmico: revestimento em piscina

Bordas de piscinas também devem receber revestimentos especiais.

A NBR 9050 – Norma Brasileira de Acessibilidade estabelece que o piso no entorno das piscinas não pode ter superfície escorregadia nem excessivamente abrasiva. Além disso, bordas, degraus de acesso à água, corrimãos e barras de apoio devem ter acabamento arredondado.

Segundo a NBR 9818 – Projeto de execução de piscina, os pisos dos tanques com profundidade inferior a 60cm e escadas de acesso devem ser revestidos com material antiderrapante, porém não é determinado o valor de atrito que o revestimento deve ter.

Já a NBR 13.818 – Placas cerâmicas para revestimento estabelece que em áreas que requeiram resistência ao escorregamento podem ser utilizados produtos cerâmicos com atrito igual ou superior a 0,4.

Para os lava pés (regiões com profundidade inferior a 20cm), a NBR 9818 solicita o uso de produtos antiderrapantes, e também não indica o valor do atrito, sendo usual um valor igual ou superior a 0,4.

Em piscinas com profundidade superior a 60cm e paredes em qualquer altura, a NBR 9818 não impõe restrição quanto ao atrito do revestimento, desde que não causem desconforto, danos ou ferimentos aos usuários nas condições normais de uso.

Nas bordas das piscinas, a NBR 9818 exige que os revestimentos sejam antiderrapantes, laváveis e não agressivos ao contato.

5 – PEI

 

O PEI também é uma importante característica a ser analisada na hora de se especificar revestimentos.

A sigla PEI vem das iniciais de Porcelain Enamel Institute, laboratório que criou o método de ensaio que indica o índice de resistência ao desgaste superficial em placas cerâmicas esmaltadas para revestimento, simulando o trânsito de pessoas.

O ensaio na Norma NBR 13818 é denominado “determinação da resistência à abrasão superficial”, e corresponde ao anexo D.

A classificação é efetuada de acordo com a tabela abaixo:

CLASSE DE ABRASÃO SUPERFICIAL (PEI) RESISTÊNCIA À ABRASÃO USO
PEI 0 DESNECESSÁRIA – uso exclusivo em paredes
PEI 1 BAIXA – tráfego baixo de pessoas

– objetos (banheiros e dormitórios sem portas para o exterior)

PEI 2 MÉDIA BAIXA – tráfego médio de pessoas

– objetos (dependências residenciais, exceto cozinhas, escadas e entradas)

PEI 3 MÉDIA ALTA – tráfego médio-alto de pessoas

– objetos (todas as dependências residenciais, inclusive terraço)

PEI 4 ALTA – tráfego alto de pessoas

– objetos (dependências residenciais de tráfego intenso, locais públicos com tráfego moderado e áreas internas de uso comercial como exemplo entrada de hotéis, show-room, lojas, etc.)

PEI 5 ALTÍSSIMA – tráfego altíssimo de pessoas

– objetos (áreas públicas, internas e externas com alto tráfego como exemplo shopping centers, aeroportos, etc.)

Em condições normais de uso, o PEI auxilia na durabilidade do revestimento cerâmico. Porém, quando se escolhe inadequadamente o PEI, pode-se condenar a vida útil de um produto mesmo ele sendo de alta qualidade.

Dessa forma, apenas o PEI não é garantia de durabilidade do revestimento, mas sim a escolha adequada do produto comparada ao local de sua aplicação e ao uso proposto para o espaço, aliado com assentamento correto e boa manutenção.

6 – Juntas de assentamento

 

norma-de-revestimento-junta-de-assentamento

norma de revestimento cerâmico: junta de assentamento

Segundo a NBR 13.753, as placas de um revestimento devem ser assentadas com espaçamentos (ou juntas) entre elas, dimensionadas conforme o tamanho das peças a serem aplicadas, para que possam:

  • a) compensar a variação de bitola das placas cerâmicas, facilitando o alinhamento;
  • b) atender a estética, harmonizando o tamanho das placas e as dimensões do pano a revestir com a largura das juntas entre as placas cerâmicas, facilitando o alinhamento das peças;
  • c) oferecer relativo poder de acomodação às movimentações da base e das placas cerâmicas, suportando tensões oriundas da dilatação térmica e expansão por umidade, sem transmiti-las para as peças vizinhas;
  • d) facilitar o perfeito preenchimento, garantindo a completa vedação da junta;
  • e) facilitar a troca das placas cerâmicas.

O dimensionamento da largura das juntas está relacionado à dimensão das peças e às movimentações da alvenaria e da própria argamassa de assentamento ao qual o sistema está sujeito.

As normas de procedimento de execução não definem as dimensões das juntas de assentamento; dessa forma, é importante consultar as embalagens ou catálogos dos fabricantes, que indicam a espessura apropriada para a largura das juntas.

Indicações de juntas de assentamento para peças cerâmicas em geral

INDICAÇÕES DE JUNTAS DE ASSENTAMENTO
Tamanho da peça (cm) Junta recomendada (mm)
05×05 3
10×10 3
15×15 3 a 5
20×20 3 a 5
25×25 3 a 5
30×30 5 a 7
40×40 6 a 8

As juntas de assentamento devem ser previstas e dimensionadas ainda na fase de projeto e detalhamento do subsistema de revestimento cerâmico, devendo estar presente em todo o revestimento cerâmico.

Para a execução das juntas de assentamento de forma adequada, recomenda-se utilizar os espaçadores. As juntas de assentamento devem ser preenchidas com material de rejunte.

Veja também: como calcular o rejunte e escolher a cor que combina com o revestimento.

Junta seca

 

norma-de-revestimento-ceramico-junta-seca

norma de revestimento cerâmico: porcelanato assentado com sistema junta seca

É um sistema que consiste no assentamento de placas cerâmicas em pisos e paredes sem juntas de assentamento.

Ou seja, as placas são encostadas umas nas outras sem espaçamento, diminuindo a percepção das emendas entre as peças. Para o sistema junta seca é necessária a utilização de revestimentos com acabamento retificado, que recebem o corte retilíneo das bordas das peças, permitindo assim que o produto tenha um maior controle dimensional.

As pequenas variações (normais da queima da cerâmica) são eliminadas, bastando uma junta de apenas 1 a 3 mm para assentamento das peças.

Confira outras novidades de revestimento criadas com a mais alta tecnologia.

Quer saber mais?

Esses são alguns aspetos importantes das Normas Brasileiras que regem a aplicação de revestimentos e que orientam os profissionais para uma melhor especificação de materiais de acordo com o desempenho técnico esperado, características do local do assentamento e das solicitações de uso.

Cabe lembrar que outros itens não contemplados aqui também devem ser considerados. A consulta às normas de revestimento cerâmico na íntegra pode ser feita por meio da aquisição das mesmas no site da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Agora que você já conhece as principais normas, que tal se inspirar e ver como e onde você pode aplicar o revestimento?

banner-ceusa

Esse post foi escrito pela Ceusa Revestimentos Cerâmicos, a única empresa que garante assentamento junta seca, com produtos monotom, monocálibre e textura flossy.

Comentários

Não há comentários em "6 normas de revestimento cerâmico para conferir antes de colocar a mão na massa!"